segunda-feira, 30 de maio de 2011

GAZETA DO POVO E OS ALIMENTOS ORGÂNICOS

Com o título: OS REBELDES DO PRATO a Gazeta do Povo, de Curitiba, faz reportagem sobre os alimentos orgânicos. Demonstra a importância dos orgânicos, bem como divulga os locais onde as feiras de alimentos orgânicos acontece em Curitiba. Leia abaixo o que foi publicado:

Os amigos da recepcionista Joyce Sponchiado, 70 anos, nem imaginam que convidá-la para almoçar em casa pode acabar em flagrante. Consumidora de alimentos orgânicos desde que morava em Palmeira das Missões, no Rio Grande do Sul, Joyce garante que é capaz de abrir uma geladeira e identificar a presença de alimentos que foram produzidos com a ajuda de agrotóxicos. “Esse aqui não. Vamos chegar aos 130 anos”, adverte os amigos, enquanto tira de sua frente um maço de rabanetes. “Já convenci a Almira, a Olívia, a Idê e o seu Paulinho. E costumo checar se estão usando mesmo.” A recepcionista puxa o assunto sempre que pode e chega a levar hortaliças orgânicas para incentivar colegas de trabalho.

Joyce faz parte do grupo de adeptos da cultura dos alimentos orgânicos em Curitiba. A rede é heterogênea e engloba produtores, cooperativas, consumidores, organizações não governamentais e iniciativa pública. Uma de suas particularidades é a ausência de filtros econômicos e culturais. Embora o consumo orgânico seja uma prática dos mais informados, não raro um pequeno agricultor é parceiro de debates de um catedrático.

Ainda que não necessariamente articulados e agindo de maneiras diferentes, os curitibanos pró-orgânicos defendem a mesma causa. “Não é só a comida que está em jogo. Tem toda a preo­­cupação com o meio ambiente e com novos hábitos. Isso sem contar as relações pessoais cultivadas a partir da conversa direta com o produtor”, defende Gabriel Gallarza, 32 anos, consumidor de orgânicos há três.

Eles ainda são poucos. Se­­gundo a Secretaria Municipal de Abastecimento, em 2008, 20 mil pessoas circulavam pelas feiras de orgânicos de Curitiba semanalmente. Mas o grupo cresce. De lá para cá, as vendas no primeiro trimestre aumentaram entre 11% e 15% ao ano. No Pa­­raná, a demanda por esses alimentos cresce entre 30% e 50% anualmente, de acordo com o Instituto Paranaense de As­­sistência Técnica e Extensão Rural (Emater).

O aumento da procura pelos orgânicos é uma boa notícia para Moacir Darolt, engenheiro agrônomo do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Darolt faz o tipo militante em tempo integral. Nem o título de doutor em Meio Ambiente pela Univer­sidade Federal do Paraná (UFPR), nem a presença certa como palestrante em congressos do ramo lhe roubam o prazer de panfletar e propagar os ganhos da cultura orgânica. É autor do livro Agricultura orgânica: inventando o futuro, está escrevendo outro sobre formas de aproximação entre consumidores e produtores, produz guias e cartilhas educativas e ainda cultiva seus próprios orgânicos em uma pequena propriedade.

“Para que o movimento cresça, é importante atingir diferentes setores da sociedade, como a escola e a universidade”, afirma Darolt. Segundo o pesquisador, o trabalho não se limita a falar sobre os benefícios da agricultura orgânica para a saúde e para o meio ambiente: o desafio é educar para o consumo. Isso significa diversificar a cultura alimentar, resgatar a noção de épocas dos alimentos e até estimular a produção de hortas em casa, por exemplo. “As pessoas estão acostumadas a comer as mesmas coisas o ano inteiro. Há uma redução na diversidade na cultura alimentar. E é uma redução para culturas com maior nível de resíduos de agrotóxicos.”

Orgânicos serão um nicho de mercado

Para o professor de Economia Rural da UFPR Eugenio Stefa­nelo, a produção de orgânicos não vai substituir a agricultura convencional e será sempre um nicho de mercado, podendo chegar ao patamar máximo de 10% da produção total. A menor produtividade e a dificuldade de produção em grande escala impede que o sistema seja adotado por médios e grandes produtores. “Quem vai continuar é o pequeno produtor, com disponibilidade de mão de obra familiar e em função da pequena produção, que tem que ter um plus de preço”, explica.

Para atingir a produtividade da agricultura convencional no sistema orgânico, se­­riam necessárias áreas maiores, colocando biomas nativos em risco. Stefanelo lembra também que os dois sistemas apresentam problemas quando mal- aplicados. “A agricultura orgânica mal-feita contamina o lençol freático com coliforme fecal. A convencional, contamina com nitrato”, explica. “Temos que tirar da cabeça das pessoas o estereótipo de que a orgânica é boa e a convencional é ruim. As duas dependem das práticas que usam”, diz.

Sempre aos sábados no Passeio Público

O Passeio Público é o principal ponto de encontro da rede da cultura orgânica em Curitiba. Aos sábados pela manhã, entre mexericas e tomates, um estande atrai frequentadores de velha e nova data. No espaço, a Associação dos Consumidores de Produtos Orgânicos do Paraná (Acopa) divulga práticas de alimentação saudável e de comércio solidário. Uma das voluntárias é Gessi Zampieri, encarregada dos passeios e cursos promovidos pela associação.

Enquanto entrega cartilhas, vende camisetas e agenda os passeios promovidos pela Acopa pelas rotas de produção, Gessi atende conhecidos que param na barraca. “Formamos uma família que se encontra todo sábado e toma um chimarrão”, conta Gessi, sobre uma conversa que não acontece nos mercados e feiras convencionais.

Além de eliminar intermediários que encarecem os produtos orgânicos, a aproximação entre os consumidores e produtores permite, por exemplo, que o agricultor José Marfil, produtor de orgânicos desde 1994, explique aos clientes o motivo de os preços dos tomates estarem altos entre abril e novembro – a hortaliça está no período de entressafra. Como quem produz também comercializa, a procedência do alimento é garantida.

Outra presença frequente na barraca da Acopa é Ralph Miller, um dos fundadores da entidade. Sobre como conheceu a cultura dos alimentos orgânicos, Miller dá uma resposta de peso histórico: “Quando eu tinha a sua idade, só tinha orgânico”, afirma o engenheiro aposentado, nascido em 1921. Ele diz ter visto a introdução dos insumos químicos na agricultura. “Foi a época da célebre ‘revolução verde’. Hoje, vemos que a coisa não é o que se pensava”, relembra Miller.

Para ler mais na Gazeta do Povo e no site da Associação dos Consumidores de Prgânicos do Paraná.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

NORTE DA BAHIA PRODUZ ORGÂNICOS EM PERÍMETRO IRRIGADO

DO GLOBO RURAL

Cultivo de orgânicos ganha destaque em área irrigada no norte da Bahia
Agricultores do Perímetro Irrigado de Pedra Branca produzem hortaliças, goiaba, mamão e amendoim utilizando técnicas que dispensam o uso de agrotóxicos por Globo Rural On-line

A procura por alimentos orgânicos é uma demanda crescente no Brasil e no mundo. Ainda assim, a escala de produção orgânica é insuficiente para atender a necessidade do público consumidor. Dentro dessa janela de mercado, os produtores podem vislumbrar mais uma alternativa que pode associar qualidade de vida, alimentação saudável e preservação dos recursos naturais.

No Perímetro Irrigado Pedra Branca, integrante do Sistema Itaparica, localizado nos municípios de Curaçá e Abaré, região norte da Bahia, produtores levam a sério esse tema e produzem goiaba, mamão, amendoim e uma grande variedade de hortaliças adotando práticas orgânicas.

“Desde 2008, intensificamos o trabalho de conversão para a agricultura orgânica no Perímetro Irrigado Pedra Branca, com acompanhamento e orientações da equipe de Assistência Técnica e Extensão Rural”, explica a superintendente regional da Codevasf em Juazeiro (BA), Ana Angélica Almeida Lima.

Alguns agricultores do Perímetro Irrigado Pedra Branca já aderiram à onda orgânica. Além disso, duas hortas orgânicas foram implantadas, uma delas na escola municipal Antonio Ribeiro dos Santos, integrando uma proposta pedagógica, e a outra, administrada pela Associação Florimel. Essa atividade, além de fomentar uma agricultura sustentável, também promove a integração da comunidade.

Exemplo disso é o agricultor João Conceição dos Santos que toca seus plantios de goiaba e mamão orgânicos e ainda ajuda a escola onde trabalha como vigia noturno a tocar a horta pedagógica. “Quando a gente chega ao conhecimento da nocividade da agricultura agroquímica não consegue mais dormir em paz. Mas, devido à ajuda de parceiros, tive a oportunidade de participar de alguns cursos promovidos pela Codevasf, Ater e Pólo Sindical sobre agricultura orgânica e isso fez com que eu visse que existia alternativa para produção de alimentos saudáveis. Agora durmo mais tranquilo por estar produzindo alimentos que não prejudicam a minha saúde e nem das pessoas que compram minhas frutas”, relata o agricultor.

LEIA MAIS NO GLOBO RURAL

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Lei institui merenda escolar orgânica no Paraná

Publicado no diário Oficial do Estado do Paraná em 06 de janeiro de 2011 a Lei 16751, de 29 de Dezembro de 2010, institui, no âmbito do sistema estadual de ensino fundamental e médio, a merenda escolar orgânica.

Preocupados com as questões de saúde de nossas crianças os legisladores que tomaram a iniciativa de construirem esta lei, promovem a possibilidade de que se oferte uma alimentação isenta de resdíduos de agrotóxicos para nossas crianças.

PARABÉNS!!!

Como exemplo, do que a implementação desta lei poderá promover, lembro que a exposição aos organofosforados e seus resíduos pode causar défict de atenção e outros probelmas relacionados ao Sistema Nervoso, em especial, em crianças, confome estudos recentes publicados nos Estados Unidos e aqui postados.

Vale elembrar que a metodologia para o estabelecimento dos Limites Máximos de Residuos (LMRs) nos alimentos, feitos pela ANVISA, levam em consideração uma pessoa adulta com peso de 60 quilos, sendo assim, as crianças sempre foram e são, ainda, o maior grupo populacional sob riscos decorrentes da ingestão de alimentos contaminados.

Essa grande iniciativa do legislativo do Estado do Paraná poderá trazer "bons ventos", também, ao desenvolvimento da agroecologia em nosso estado, já aumentará a demanda por este tipo de alimento.

Espera-se agora que a Secretaria de Estado da Educação do Paraná, implemente tal Lei com a urgência que a situação requer face ao alto consumo de veneno no país e no Paraná.

Abaixo transcrevo na íntegra a Legislação que pode ser conseguida diretamente no site da Casa Civil do Estado do Paraná.

Assembleia Legislativa do Estado do Paraná Decretou e nos termos do § 5º do Artigo 71 da Constituição Estadual, Promulgo a seguinte lei:

Art. 1º. Institui no âmbito do sistema estadual de ensino fundamental e médio a merenda escolar orgânica.

Parágrafo único Entende-se por merenda escolar orgânica a merenda escolar certificada, conforme legislação federal pertinente. Assim, entre outras especificações da legislação, os alimentos fornecidos na merenda escolar não poderão conter agrotóxicos em toda a cadeia produtiva de todos os seus itens e competentes.

Art. 2º. A implantação desta lei será feita de modo gradativo, de acordo com as condições e cronogramas elaborados pela Secretária de Estado da Educação - SEED, até que 100% (cem por cento) da rede de ensino público do Estado do Paraná garanta a seus alunos o direito à merenda escolar orgânica.

Art. 3º. Além dos alimentos orgânicos, a merenda escolar oferecida aos alunos deverá conter, obrigatóriamente, alimentos funcionais.

Parágrafo único Dentre os alimentos funcionais, que se refere o caput deste artigo, estão relacionados abacate, alho,cebola,cenoura,inhame,batata doce,fruta cítricas,chá verde,couves,brócolis,repolho,nabo,aveia,trigo,arroz integral, leites fermentados, tomate vermelho, amora, goiaba, uva vermelha, sucos, soja e derivados.

Art. 4º. O Poder Executivo preverá na legislação orçamentária as condições e as escalas de aplicação da presente lei.

Art. 5º. O Poder Executivo regulamentará esta lei em até 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua publicação.

Art. 6º. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

PALÁCIO DO GOVERNO EM CURITIBA, em 29 de dezembro de 2010.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

BISFENOL A - RISCOS À SAÚDE

Do Blog: O TAO DO CONSUMO

Foi-me solicitado uma revisão de literatura sobre sobre a substância química tóxica denominada BISFENOL A. Esta substância tóxica é muito utilizada nos plásticos que estão presentes em mamadeiras para recém nascidos, em revestimentos de latas de alimentos e em outros de uso corriqueiro dentro de casa.

Dentre vários artigos científicos que encontrei e discussões sobre os riscos do BISFENOL A,em especial, como capaz de produzir disrupção endócrina podendo afetar fetos humanos e não humanos, câncer de mama, de próstata, diabetes, dentre outros como aqueles relacionados a espermatogenese com produção de espermatozóides defeituosos (sem cabeça ou sem cauda, com duas cabeças, sem motilidade), bem como uma redução considerável na fertilidade masculina, o blog o TAO DO CONSUMO, postou este mês matéria bastante esclarecedora sobre a questão, que transcrevo abaixo:

Bisfenol A em latas de alimentos e bebidas – um temporal está se formando


Posted by fabiana in Bisfenol A e Indústria Alimentícia


Será que a recente onda de preocupação do mercado de mamadeiras em relação ao bisfenol-A (BPA) está prestes a causar um caos no setor de bebidas e alimentos enlatados?

Dois recentes fatos sugerem que essa possibilidade é alta. O primeiro é a proposta da Suécia, no mês passado, que obriga as empresas de embalagens e produtos alimentares a explicar como pretendem reduzir o uso do BPA no revestimento interno de latas de bebidas e de alimentos. O segundo, na semana passada, é parte de uma campanha iniciada por grupos de acionistas da Coca-Cola que exige uma estratégia da empresa em relação ao temor de consumidores sobre a segurança do químico.

Sem dúvida, a indústria de embalagens plásticas está muito preocupada com a crescente ansiedade do consumidor quanto ao BPA. Mas qual é a razão para tudo isso?

Muitas agências governamentais, em diferentes países, declararam que o uso do bisfenol em contato com alimentos nos níveis atuais é seguro. Então, fim da discussão, certo? Errado.

Hoje em dia, existem vozes suficientes na comunidade científica que não concordam com essa premissa e acreditam que o BPA apresenta riscos. E essas vozes são suficientes para alimentar as dúvidas dos consumidores.

A decisão da Comissão Europeia, no ano passado, de ignorar opiniões positivas de cientistas e proibir mamadeiras de policarbonato que contenham o bisfenol-A na União Europeia abriu escancaradamente as portas para uma extensão da proibição da substância em outros tipos de embalagens.

O temor foi expresso repetidamente pela indústria de enlatados e associações do ramo de plásticos em uma declaração realizada durante uma consulta pública, organizada pela agência britânica Food and Standards Safety. A frustração com a iniciativa de Bruxelas era compreensível, assim como a surpresa com os consumidores que seguem questionando as declarações de autoridades que sancionam o uso do BPA.

No entanto, se um braço da União Europeia parece não estar nem um pouco convencido com a opinião de seus especialistas, não é normal que o público também tenha dúvidas?

Impulso Perigoso

Então como ficam os produtores de latas e a indústria de revestimento plástico?

Eles podem pensar que propostas que exigem a redução do uso do revestimento interno de latas com bisfenol pode estar confinada à Suécia – um país periférico na Europa. Seria uma atitude perigosa, considerando que a primeira proibição europeia da substância em mamadeiras ocorreu na Dinamarca, outro país escandinavo – e vejam só o que aconteceu depois disso.

A proposta dos acionistas da Coca-Cola não foi aprovada, porém uma quantidade maior de acionistas apoiou a iniciativa neste ano. Os organizadores da Campanha já se comprometeram a repetir a proposta no ano que vem. Um estudo recente da Deloitte revelou que o temor em relação ao BPA entre consumidores vem aumentando, e não diminuindo. A preocupação com o BPA – como demonstrado pelos acionistas do gigante dos refrigerantes – está aqui para ficar.

Ondas como essa são perigosas. Se as lições com o BPA em mamadeiras de policarbonato nos ensinaram alguma coisa, é que quando a ansiedade entre consumidores se espalha e a sua confiança vai por água abaixo, a indústria tem que ouvir, e não importa o que agências regulatórias em Bruxelas, Washington ou Sidney dizem.

A Associação da indústria de embalagens de metal nos Estados Unidos (Nampa) admitiu que “a corrida já começou” entre os principais fabricantes na busca de um substituto para o BPA, mas alerta que uma substância similar e segura ainda está longe de ser comercializada para o volume necessário atualmente.

Essa declaração demontra que, aparentemente, eles aceitaram que os dias do BPA estão contados. A pergunta não é “se”, mas “quando” o revestimento interno de latas não conterá mais este elemento químico.

Parece que o único fator a considerar, a partir de agora, é se os principais fabricantes de embalagens de plástico e metal estão preparados para essa onda de mudança que parece estar se aproximando e quando ela irá tomar conta do mercado como um todo. Será que eles surfarão a onda ou serão engolidos por ela?

Texto originalmente publicado no site Food Production Daily no dia 03 de maio de 2011

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terça-feira, 10 de maio de 2011

Universidade Federal do Paraná pesquisa mercado de agrotóxicos

Trabalho da UFPR mostra que produção e importação vêm aumentando a passos largos e que o país desconhece o setor

Publicado na Gazeta do Povo em 11/05/2010 | José Rocher

Um observatório do mercado internacional de agrotóxicos foi criado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) para revelar em detalhes as relações do setor e orientar a política do Brasil enquanto maior consumidor do mundo desses produtos. Os primeiros dados indicam forte crescimento na produção e na importação e descontrole do país sobre esse fenômeno, que é economicamente positivo, mas que preocupa pelo impacto ambiental e pela relação com a saúde pública mundial.

“Muitos produtos entram no país registrados na categoria de ‘outros’. A regularização está ocorrendo agora e vai mostrar dados surpreendentes”, afirma o professor Victor Pelaez, líder do grupo de dez pesquisadores que trabalha no programa, do Departamento de Economia. Sem códigos específicos, não é possível medir a entrada de cada formulado, aponta. O estudo recorreu ao banco de dados de comércio das Nações Unidas, o Comtrade, para aferir estatísticas gerais.

O trabalho foi encomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão do Ministério da Saúde – um dos três controladores dos agrotóxicos no país, ao lado dos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente. A Anvisa alega sofrer forte pressão para liberação de novos produtos e contra a revisão de 14 registros. Com os primeiros resultados da pesquisa em mãos, o diretor da agência, José Álvares, pediu maior comprometimento da indústria.

O Brasil ampliou a produção e está entre os cinco maiores importadores de agrotóxicos. Gasta cerca de US$ 3,5 bilhão por ano no exterior só com produtos técnicos e formulados. Esse valor vem se multiplicando nesta década. Dependendo do critério de análise, a participação brasileira vai de 5% a 16% do mercado internacional. Esses índices abrangem a produção nacional, que também cresce a passos largos, com investimentos milionários das multinacionais em fábricas e pesquisas dentro do país.

As indústrias preferem discutir o assunto através das organizações que representam o setor. Os números não diferem muito dos apresentados pela UFPR. Contratada pela Associação Nacional de Defesa Vegetal, a Andef, a consultoria alemã Kleffmann Group concluiu ano passado que o país gastou US$ 7,1 bilhões na compra de agrotóxicos em 2008 – US$ 600 milhões a mais que os Estados Unidos, primeiro colocado até 2007. Para a Andef, é preciso relativizar a liderança. Se for considerado o consumo por hectare, o Brasil ainda usa menos agrotóxicos que o Japão, onde os produtores gastam até dez vezes mais com defensivos agrícolas em áreas de tamanhos similares.

O Sindicato Nacional da Indústria para a Defesa Agrícola (Sindag) informa que, em 2009, o gasto com defensivos caiu 7% no Brasil, para US$ 6,6 bilhões. No entanto, em volume, houve aumento de 7,6%, de 986 mil para 1,06 milhão de toneladas.
Os técnicos das indústrias argumentam que, por ser um país tropical, com uma diversidade agroclimática bem maior que a dos outros importantes produtores agrícolas, o Brasil precisa de mais agrotóxicos para controlar insetos, fungos e ervas daninhas. “O aumento da produtividade verificado no país só vem sendo alcançado graças às novas tecnologias, que incluem o uso de defensivos mais eficientes”, disse um agrônomo que atua no Paraná e no Cerrado, e preferiu não se identificar. Na safra passada, o crescimento foi de 1,6 quilos de agrotóxicos por hectare, para 22,3 kg/ha.

Os estudos da UFPR devem se tornar permanentes a partir de agora. Uma das questões que os pesquisadores vão tentar desvendar é o impacto do mercado de registros no setor. “Quando uma empresa consegue registrar um produto no Brasil, suas ações sobem”, frisa Pelaez. Ele afirma que esse estudo é essencial para que o país avalie sua atuação na liberação de novos produtos. A pressa das indústrias, relacionada à necessidade dos produtores de adotar as tecnologias mais eficientes disponíveis, também tem seu lado financeiro, observa.

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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Deputados querem o fim da rotulagem dos transgênicos.

Da AS-PTA


Projeto que acaba com rotulagem de transgênicos pode ir a votação na Câmara

O deputado Lincoln Portela (PR-MG) apresentou no último dia 4 requerimento para que entre na ordem do dia o projeto de lei que propõe fim da rotulagem dos produtos transgênicos. A proposta é de autoria do deputado ruralista Luiz Carlos Heinze (PP/RS).

O que diz o PL 4148/08?

A proposta elimina a informação no rótulo se não for detectável a presença do transgênico no produto final - o que exclui a maioria dos alimentos (como óleos, bolachas, margarinas, enlatados, papinhas de bebê etc.); (2) não obriga a rotulagem dos alimentos de origem animal alimentados com ração transgênica; (3) exclui o símbolo T que hoje facilita a identificação da origem transgênica do alimento (como tem se observado nos óleos de soja); e (4) não obriga a informação quanto à espécie doadora do gene.

Resumo dos principais argumentos contra o PL:

1) Fere o direito à escolha e à informação assegurados pelo Código de Defesa do Consumidor, nos artigos 6º, II e III e 31 e desrespeita a vontade dos cidadãos que já declararam que querem saber se um alimento contém ou não ingrediente transgênico (74% da população - IBOPE, 2001; 71% - IBOPE, 2002; 74% - IBOPE, 2003; e 70,6% - ISER, 2005).

Veja mais na AS-PTA


2) Representa um retrocesso ao direito garantido pelo Decreto Presidencial 4.680/03 (Decreto de Rotulagem de Transgênicos) que impõe a rastreabilidade da cadeia de produção como meio de garantir a informação e a qualidade do produto (vale lembrar que a identificação da transgenia já é feita para a cobrança de royalties).

3) Impedir a informação da característica não geneticamente modificada do produto é um desrespeito ao direito dos consumidores, dos agricultores e das empresas alimentícias que optam por produzir alimentos isentos de ingredientes transgênicos e tem como única finalidade favorecer a produção de transgênicos.

4) A rotulagem de transgênicos é medida de saúde pública relevante ao permitir o monitoramento pós-introdução no mercado e pesquisas sobre os impactos na saúde.

5) Pode impactar fortemente as exportações, na medida em que é grande a rejeição às espécies transgênicas em vários países que importam alimentos do Brasil.

6) Descumpre compromissos internacionais assumidos no âmbito do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, Acordo Internacional ratificado por 150 países, do qual o Brasil é signatário. De acordo com o Protocolo, os países membros devem assegurar a identificação de organismos vivos modificados nas importações/exportações, destinados à alimentação humana e animal (artigo 18. 2. a).