terça-feira, 26 de abril de 2011

A Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde coletiva e os Agrotóxicos

A ABRASCO, reunida em seu V Congresso de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, vem alertar a população e as autoridades públicas responsáveis para a necessidade de medidas emergenciais:

1.Proibir a pulverização aérea de agrotóxicos, tendo em vista a grande e acelerada expansão desta forma de aplicação de venenos, especialmente em áreas de monocultivos, expondo territórios e populações cada vez maiores à contaminação com produtos tóxicos. Estas operações, de questionável e improvável controle da deriva acidental e técnica, vêm sendo realizadas a partir de legislação frágil e precariamente fiscalizada, que fere o direito constitucional ao meio ambiente sadio, e têm resultado em graves impactos sobre a saúde humana e dos ecossistemas em geral, inclusive na produção de chuva contaminada com agrotóxicos e na contaminação de aqüíferos.


2.Suspender as isenções de ICMS, PIS/PASEP, COFINS e IPI concedidas aos agrotóxicos (respectivamente, através do Convênio nº 100/97, Decreto nº 5.195/2004 e Decreto 6.006/2006), tendo em vista seu caráter de estímulo ao consumo de produtos concebidos para serem tóxicos biocidas, que se reflete certamente na colocação do Brasil como maior consumidor mundial de agrotóxicos nos últimos 3 anos; e a externalização para a sociedade dos custos impostos pelas medidas de assistência e reparação de danos, além da recuperação de compartimentos ambientais degradados e contaminados.

3.Elaborar e implementar um conjunto de Políticas Públicas que viabilizem a superação do sistema do agronegócio e a transição para o sistema da Agroecologia, inclusive no que diz respeito ao financiamento, revertendo e resgatando a enorme dívida social e ambiental induzida por políticas que, desde os anos 1970, impõem o financiamento e a compra de agrotóxicos. Tais políticas devem ser construídas em contexto participativo, a partir dos saberes acumulados nas diversificadas experiências em curso da agricultura familiar camponesa no Brasil e seus atores.

São Paulo, 20 de abril de 2011.

Veja na ABRASCO

terça-feira, 19 de abril de 2011

FEIJÃO AGROECOLÓGICO DA EMBRAPA

Do Portal da Embrapa Arroz e Feijão, divulgada dia 17 de janeiro de 2011

Reportagem de Roselene Chaves


É comum os agricultores da Região Centro-Oeste no Planalto Central considerarem o cultivo de feijão de primeira safra, ou safra das águas, como muito vulnerável ao fungo causador do mofo branco e à praga mosca branca, que transmite o vírus do mosaico dourado. Embora ambas as doenças possuam geralmente maior incidência na segunda ou terceira safra da leguminosa, elas podem ser bastante graves também nas lavouras nesta época do ano. Contudo, esse risco encontra-se sob controle no campo de estudos agroecológicos da Embrapa Arroz e Feijão.
Nesse local, o centro de pesquisa vem conduzindo há oito anos, em parcelas experimentais, avaliações acerca do cultivo orgânico de feijão sem que ocorra a infestação dessas duas doenças. Segundo a Embrapa Arroz e Feijão, trata-se de áreas cujo solo foi corrigido com calcário e rocha fosfática e que o feijoeiro vem sendo plantado na primeira safra. Após a colheita dos grãos, em meados de fevereiro/março, são semeados adubos verdes como sorgo, crotalária, mucuna e guandu. Essas espécies servem para reciclar e fixar nutrientes no solo e, no período de florescimento, são cortadas, permanecendo os restos culturais até a safra de verão seguinte (novembro), quando o feijão com inoculantes é semeado em plantio direto.

De acordo com a Embrapa Arroz e Feijão, esse sistema de cultivo orgânico não demandou até o momento a introdução de fertilizantes formulados. A produtividade é satisfatória e gira em torno de 2,4 mil quilos por hectare neste ano. Em relação à ausência de problemas com a mosca branca, acredita-se que, por ser a primeira safra e haver outras culturas de grãos hospedeiras, não há infestação nas lavouras de feijão. Já sobre o mofo branco, o não surgimento da doença é atribuído a fatores como época de plantio, condições climáticas, plantio direto e estande de plantas, que não geram condições propícias para a proliferação do fungo.

Conforme a Embrapa Arroz e Feijão, não foram diagnosticadas outras doenças nas parcelas e, fora a mosca branca, os ataques de outras pragas, apesar de causarem desfolha, foram controlados pelos próprios inimigos naturais na lavoura e não chegaram a comprometer a produtividade do feijoeiro. Quanto às plantas daninhas, o controle vem sendo realizado por meio de capinas. Pelos resultados parciais até o momento, os experimentos com feijão orgânico de primeira safra podem desmistificar várias concepções, dentre elas, a de que o plantio anual da leguminosa na mesma área acarreta prejuízos.

Os trabalhos no campo de estudos agroecológicos da Embrapa Arroz e Feijão são coordenados pelos pesquisadores Agostinho Didonet e Enderson Ferreira.
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Área de Comunicação da Embrapa Arroz e Feijão

sexta-feira, 15 de abril de 2011

AQUARELA DO BRASIL com Zé Caricoca e Donald Duck

Em meio a tantas notícias ruins que a todo momento recebemos pela midia, na conversa informal, etc, às vezes acontece que alguém te lembra que a Vida é boa e vai melhorar.

Sendo assim, para aqueles que gostam de desenho animado e, ainda, não viram AQUARELA BRASILEIRA, com Zé Carioca e Pato Donald, boa diversão e bom final de semana.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

POMAR ORGÂNICO

Quando fui entrevistado vez pelo Sandro (reporter que fez a matéria que está abaixo)na TV num manhã dos idos anos 90, lá em Londrina, ele não acreditava muito que os venenos representavam um mal silencioso que hoje todos sabemos. Passados todos esses anos, é com felicidade que vejo uma reportagem profissional, alegre, feita em propriedade de pessoas lúcidas e felizes que disponibilizam alimentos saudáveis para as pessoas.

Valeu Sandro, espero que faça outras mais e que nos brinde com programas tão bons como esse que está aqui.

domingo, 10 de abril de 2011

O Ministério da Saúde a questão das intoxiacações por agrotóxicos e afins no Brasil

Há pelo menos 20 anos que venho afirmando, bem como outros profissionais de saúde que as intoxicações por agrotóxicos e afins (agudas e crônicas) no Brasil representam um grave problema de saúde pública, ainda não adequadamente documentado, determinando conseqüências que não são devidamente enfrentadas.

Os principais sistemas de informação em saúde existentes para o registro de intoxicações por agrotóxicos e afins, que poderiam subsidiar a maior compreensão acerca da magnitude do problema no país e apontar diretrizes para o fortalecimento da vigilância em saúde, não recebem por parte do setor responsável (Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde) a devida atenção.

Em 2002, defendi minha dissertação de mestrado na Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, onde através da realização de um estudo descritivo sobre a situação dos principais sistemas de informações para o registro de intoxicações por agrotóxicos e afins, o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas da Fundação Oswaldo Cruz - SINITOX e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação-SINAN, da Fundação Nacional de Saúde, avaliei os casos registrados de 1995 a 2000.

Os estudos demonstraram que para o período compreendido entre 1995 e 2000, o SINITOX registrou um total de 94.983 casos de intoxicações por agrotóxicos e afins, correspondendo a 22,81% do total de intoxicações registradas no período. Deste total, 30.278 (31,88%) intoxicações foram causadas por agrotóxicos de uso agrícola, 35.144 (37%) por domissanitários, 15.570 (16,39%) por agrotóxicos de uso doméstico e 13.991 (14,73%) por raticidas. Quanto aos óbitos, o total foi de 1.268 mortes causadas por agrotóxicos e afins, correspondendo a 51,73% do total por todas as causas no período em estudo. O agrotóxico de uso agrícola destaca-se como o agente mais incriminado, com 904 óbitos, o que corresponde a 36,88% do total de óbitos por todas as causas registradas pelo SINITOX no período. Do total de intoxicações por agrotóxicos e afins, 54,5% casos ocorreram entre indivíduos do sexo masculino. As causas determinantes das intoxicações por agrotóxicos e afins foram em primeiro lugar os acidentes, seguidos dos suicídios e causas profissionais.

No SINAN, foram registrados no período de 1996 a 2000, um total de 5.654 casos suspeitos, com 2.931 casos confirmados (51,43%). O número de óbitos foi de 227, correspondendo a uma letalidade de 7,73% no período. As intoxicações se concentraram em indivíduos do sexo masculino entre 15 e 49 anos, sendo confirmados pelo critério clínico-epidemiológico em 60% dos casos; 61,74% das intoxicações receberam atendimento hospitalar; 29,46% atendimento ambulatorial; 7,03% atendimento domiciliar e 1,77% dos casos não receberam nenhum atendimento. Os acidentes de trabalho representaram 53,5% das circunstâncias de intoxicação, seguidos pelas tentativas de suicídio (28,2%) e intoxicações acidentais com 12,9%. Dentre os 128 princípios ativos envolvidos nas intoxicações o glifosato, o paraquat e o metamidofós, foram os agentes tóxicos mais incriminados, respondendo por 26,2% do total.

Já naquela época, apontava para a necessidade da inclusão deste grave problema de saúde pública como prioridade na agenda dos órgãos gestores que compõem o Sistema Único de Saúde, nos três níveis de governo, a fim de que ações pudessem resultar numa efetiva proteção e prevenção à saúde da população.

Apesar dos apelos de vários profissionais do setor para que medidas fossem implementadas pelo Ministério da Saúde, o mesmo sempre fez “ouvidos de mercador” para esta questão, se limitando a apresentar proposituras aqui e acolá, sem que nunca assumisse de fato a responsabilidade por questão de tal magnitude, que exige a clara definição do papel de cada área do Ministério para seu o enfrentamento, a partir do fortalecimento das ações de vigilância epidemiológica.

Sempre afirmou-se que a questão das intoxicações por agrotóxicos não poderia receber tratamento menor, face à sua importância e à a existência de vários estudos afirmando que estávamos e estamos imersos em uma endemia decorrente do uso e abuso dessas substâncias químicas tóxicas.

Espera-se que, com a Audiência Pública realizada na Câmara dos Deputados, pela Câmara de Seguridade Social, no dia 07 de abril, providências sejam tomadas com a seriedade que o assunto impõe.

domingo, 3 de abril de 2011

Agricultura Orgânica de Alto Valor Nutritivo

Cada vez mais fica claro para aqueles que teimam em afirmar que não é possível a produção de alimentos orgânicos, veja o vídeo abaixo: