terça-feira, 24 de novembro de 2009

Quanta água é preciso para produzir 1 quilo de carne??

Bye bye, água

A agricultura é o setor que mais consome água no país, cerca de 59%. O uso doméstico e o setor comercial consomem 22% e o setor industrial fica por último com 19% do consumo.

Em 2004, segundo o IEA (Instituto de Economia Agrícola), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, nas exportações de carne bovina realizadas pelo Brasil, o maior exportador mundial de carnes, foram utilizados cerca de 14 trilhões de litros de água. Pela carne, os exportadores receberam o equivalente a US$ 1,970 bilhão.

No mesmo período, nas exportações de carne de galos e galinhas foram utilizados cerca de 6 trilhões de litros de água. Da mesma forma, pela carne, os exportadores receberam o equivalente a US$ 801,8 milhões.

Somados estes dois itens da pauta de exportações foram necessários quase 20 trilhões de litros de água para obter cerca de US$2,771 bilhões. Será que vale o câmbio?

Segundo David Pye, Presidente da Sociedade Vegetariana do Reino Unido, grandes quantidades de água são consumidas por hectare de plantação. Um hectare de milho consome 4 milhões de litros de água durante o crescimento, enquanto outros 2 milhões de litros evaporam no solo. Grãos de soja precisam de 4,6 milhões de litros de água por hectare e o trigo precisa de 2,4 milhões de litros por hectare. Mas, que efeito isso tem na produção de animais? “Um quilograma de proteína animal leva centenas de vezes mais água para ser produzido do que um quilo de proteína vegetal. A produção de 1kg de carne requer 100kg de forragem e 4kg de grãos. Isso equivale entre cem e duzentos mil litros de água”, afirma David Pye.

Dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) revelam que são necessários 35 litros de água por dia para sustentar um boi e de 90 litros por dia para sustentar uma vaca leiteira (fonte: Natürlich Vegetarisch e EarthSave Magazine - Primavera 2000).

Os números variam e inúmeras são as maneiras de dizer quanto de água estamos jogando, literalmente, pelo ralo, mas há algo em comum: as necessidades indiretas são responsáveis por uma grande parcela do consumo. São necessários, por exemplo:


- 1.900 litros de água para produzir 1 Kg de arroz

- 3.500 litros de água para produzir 1 Kg de carne de frango

- 10.000 litros de água para produzir 1 Kg de carne de boi

- 150.000 litros de água para produzir 1 automóvel de passeio

- 280.000 litros de água para produzir 1 tonelada de aço


Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades (ano base: 2004). Medidas 50m x 25m x 2m, volume de 2.500 metros cúbicos

*Os dados para o estudo do ISA foram fornecidos pelas concessionárias prestadoras dos serviços para o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades (ano base: 2004).

**Com informações do Ipea.

Por Naná Prado, do Mercado Ético

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Oficina “A luta contra os agrotóxicos”

A oficina “A luta contra os agrotóxicos”, realizada durante o VI Congresso Brasileiro de Agroecologia, que aconteceu em Curitiba, de 09 a 12 de novembro deste mês, que contou coma a presença de mais de 4.000 pessoas, deu os seguintes encaminhamentos:

1. Ensino e pesquisa

. Ampliar o debate e circulação de informações sobre os riscos e impactos dos agrotóxicos nos currículos de ciências agrárias e da saúde, bem como fortalecer disciplinas voltadas para toxicologia e impactos ambientais dos agrotóxicos;
. direcionar atividades e estudos a partir da co-relação agrotóxicos, transgênicos, saúde e ambiente;
. promover maior interação entre as áreas de saúde, ambiente e agrárias no combate contra impactos decorrentes do uso de agrotóxicos.


2. Políticas públicas

- fortalecer políticas públicas voltadas à promoção da agricultura familiar e transição agroecológica;
- fomentar a criação de biofábricas de agentes de controle biológico, como alternativa ao uso de agrotóxicos;
- ampliar e fortalecer canais de acesso ao “mercado de trabalho” para profissionais de agroecologia;
- construir uma pauta e apresentar reivindicações da sociedade civil, relativas à questão dos agrotóxicos, aos candidatos à presidência da república.


3. Fiscalização/controle social

- fortalecer papel e ampliar a capacidade de operação da ANVISA;
- intensificar fiscalização das atividades comerciais envolvendo agrotóxicos;
- exigir divulgação de dados regionalizados sobre comercialização de agrotóxicos;
- Criar banco de dados e informações regionalizadas sobre acidentes envolvendo agrotóxicos, possibilitando cruzamento com informações sobre comercialização e possíveis identificações de regiões vulneráveis;
- incluir os produtos veterinários, na luta contra os agrotóxicos, com igual importância, ampliando o conceito para “agroquímicos”;
- fortalecer e criar fóruns de combate aos impactos dos agrotóxicos (nacional e estaduais).
- intensificar cobranças da sociedade civil sobre os órgãos oficiais que regulam o uso dos agrotóxicos, incluindo maior participação na CTNBio (valorizando a conquista da obrigatoriedade de realização de reuniões abertas) e nas consultas públicas lançadas pela Anvisa;
- intensificar fiscalização e aplicação de penalidades por danos à saúde da população e ao ambiente, em especial nas áreas de mananciais;
- exigir proibição da pulverização aérea;
- organizar manifestação da sociedade civil contra convênios realizados ente instituições públicas de pesquisa/ensino e a indústria de agrotóxicos e transgênicos;
- adotar limites anuais para o número de recomendações de agrotóxicos, em receituários agronômicos, por profissionais habilitados;
- adotar medidas que aumentem a responsabilidade de profissionais habilitados, quanto a possíveis impactos decorrentes do uso de agrotóxicos, bem como aumentar exigência curricular (formação e experiência profissional) como condição para emissão de receituários agronômicos;
- banir o uso do 2,4-D;
- combater a venda clandestina de agrotóxicos;
- exigir da CNBio estudos de impactos ambientais, socioeconômicos e na saúde da população pós adoção dos primeiros transgênicos no Brasil.


4. Saúde

- Encaminhar a questão dos agrotóxicos como assunto prioritário de saúde pública;
- capacitar médicos e equipes de saúde para diagnosticar intoxicações por agrotóxicos;
- fomentar o papel do médico e das equipes de saúde como agentes chave na educação e prevenção de intoxicações, com maior ênfase no meio rural;
- implementar um sistema de notificação de intoxicações por agrotóxicos a partir dos postos de saúde e hospitais, com garantias de funcionamento;
- adotar dados e notificações emitidas pelas áreas de saúde como referência para ações locais de combate aos impactos dos agrotóxicos.


5. Informação e comunicação

- promover campanhas de informação e conscientização sobre os riscos do uso de agrotóxicos em veículos de comunicação de massa, bem como ampliar canais de comunicação para espaços estratégicos como os de educação (formal e não-formal), eventos de grande porte, conselhos estaduais e municipais diversos, entre outros;
- intensificar o uso da internet na luta contra os agrotóxicos e dar mais destaque ao tema, especialmente nos sites das organizações ligadas à agroecologia;
- incluir mensagens de impacto nas embalagens de agrotóxicos como estratégia de conscientização;
- combater campanhas e propagandas de estímulo ao comércio de agrotóxicos e aumentar cobrança/vigilância quanto à qualidade da informação, evitando distorções do tema nas mensagens veiculadas na mídia;
- dar visibilidade ao Fórum de combate aos impactos dos agrotóxicos como espaço de acolhimento de denúncias relacionadas ao tema, seja na esfera nacional ou estadual.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Transgênicos: Assessora de Hillary Clinton quer o Brasil como papagaio de pirata.

Brasil pode convencer África a aceitar os transgênicos afirma assessora de Hillary Clinton

A parceria diplomática e científica entre o Brasil e os EUA pode ajudar a vencer a resistência dos países africanos aos transgênicos e abrir caminho para que vegetais geneticamente modificados tenham um impacto positivo para a segurança alimentar do mundo. É o que diz a bióloga Nina Fedoroff, 67, assessora especial de ciência da secretária de Estado Hillary Clinton.

Originalmente indicada por Condoleezza Rice para o cargo, ela se abstém de criticar o governo George W. Bush, ao contrário de muitos cientistas americanos, mas afirma que o presidente Barack Obama foi quem mais abraçou o conceito de "diplomacia científica".

A reportagem e a entrevista é de Reinaldo José Lopes e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 02-11-0209.

Segundo ela, trata-se de usar a colaboração internacional entre pesquisadores como forma de fortalecer a ação conjunta sobre temas controversos, como os transgênicos - ou o aquecimento global e a explosão populacional, duas de suas grandes preocupações.

Fedoroff esteve em São Paulo na semana passada para tentar ampliar as parcerias na área de ciência e desenvolvimento entre americanos e brasileiros.

Em entrevista, reconheceu que é muito difícil fazer com que o público americano se importe o suficiente com as mudanças climáticas para levá-lo a agir. Ela diz que estudos sobre a biologia das plantas cultivadas podem ser um caminho "semitecnológico" para minimizar o carbono na atmosfera e ataca os que rejeitam os transgênicos. "Não existe nenhum risco real. Os riscos, depois de 13 anos de plantio comercial, continuam sendo hipotéticos."

Veja a entrevista na página do Instituto Humanitas Unisinos