quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Aluguel de abelhas ajuda a produzir mais maçãs, abacates e melões







Agricultores estão alugando colmeias de criadores de abelhas --chamados de apicultores-- para aumentar a produção de frutas como maçã, abacate e melão. No Sul do país, a estimativa é de que 60 mil colmeias sejam alugadas todo ano por produtores de maçã.
As abelhas se encarregam da polinização das flores, que é a transferência do pólen entre elas e que leva à formação dos frutos. O vento, outros insetos e até morcegos também realizam a tarefa, mas as abelhas são as principais polinizadoras.
Além de receberem pela prestação do serviço aos produtores de frutas --de R$ 50 a R$ 70 por colmeia, no caso de pomares de maçã--, os criadores de abelha também lucram com a venda do mel produzido no período.
Nos Estados Unidos, os apicultores chegam a receber até US$ 150 (R$ 358) por colmeia para polinização de amendoeiras, afirma o presidente da CBA (Confederação Brasileira de Apicultores).

Produção de maçãs é dependente do trabalho feito pelos insetos

As macieiras são completamente dependentes da polinização por insetos para dar frutos, diz o professor Afonso Inácio Orth, do curso de Agronomia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Ele afirma que, no Estado, é costume colocar duas ou três colmeias de abelhas por hectare, o que rende 35 toneladas de maçãs na área. Um experimento feito pela UFSC com seis colmeias por hectare fez a produtividade pular para 79 toneladas, diz Orth.
Joselmar Tonial, que cria abelhas desde 1996, em Fraiburgo (SC), tem cerca de 1.600 colmeias, que aluga na época da florada da maçã. No total, fatura mais de R$ 100 mil com o aluguel das caixas de abelha a cada temporada.
Ele informa que o aluguel dura cerca de um mês, e começa por volta de 20 de setembro, com o surgimento da florada. Tonial presta serviço a um pequeno produtor e para a Renar Maçãs, empresa tradicional do setor.
O valor do aluguel mensal de cada colmeia (R$ 65) corresponde a mais de 60% do que ela rende com mel ao longo do ano (R$ 104). "Como a região é fria e não tem flores o ano todo, não faturamos tanto com o mel", afirma.

Produtores de melão e abacate também alugam abelhas

Orth, da UFSC, também destaca que de 10 mil a 15 mil colmeias são usadas todo ano no cultivo de melão em Mossoró (RN), embora não saiba informar quanto os apicultores locais recebem pelo aluguel.
No Sudeste, a fazenda Jaguacy, maior exportadora de abacates do país, também usa abelhas há duas décadas para obter mais de 300 mil toneladas da fruta por ano em uma área de 500 hectares em Bauru (SP).
Para cada hectare, são utilizadas duas colmeias por dois meses, a partir de agosto, quando desabrocham as flores. "Insetos como moscas também polinizam as flores, mas as abelhas são mais eficientes", diz Victor Falanghe Carvalho, um dos sócios da Jaguacy.
A empresa contrata dez apicultores por ano, que fornecem juntos 850 caixas de abelhas, a um custo mensal de R$ 30 por colmeia. Outras 150 vêm da própria fazenda, que tem uma criação particular de abelhas.
O professor universitário aposentado Guerino Ninin aluga suas 50 colmeias para a Jaguacy desde 2010. Segundo ele, o valor recebido apenas cobre os custos com o transporte das caixas. "Não tenho muita renda com o aluguel, mas a iniciativa é interessante", diz.
O maior rendimento vem de uma tonelada de mel que produz por ano, vendido por até R$ 14 o quilo na barraca que a Associação dos Apicultores de Bauru mantém numa feira aos domingos de manhã, no centro da cidade.

Agrotóxico mata milhões de abelhas em Gavião Peixoto

José Maria Tomazela, do 

Laudos mostram que agrotóxicos usados para combater pragas causaram a morte de pelo menos quatro milhões de abelhas.

Sorocaba - Agrotóxicos usados para combater pragas em lavouras de soja, café e feijão e em herbicidas causaram a morte de pelo menos quatro milhões de abelhas em Gavião Peixoto, na região central do Estado de São Paulo.

Os laudos dos exames feitos em laboratório a pedido do departamento de Agricultura e Meio Ambiente do município foram divulgados nesta terça-feira (18). As mortandades vêm ocorrendo desde 2012, mas se intensificaram em dezembro do ano passado. O município é grande produtor de mel e chega a colher dez toneladas por ano.
Os laudos apontaram a presença de glifosato, componente dos principais herbicidas comerciais, no organismo das abelhas. Os produtos com esse princípio ativo são usados para controle de ervas daninhas e como dissecante no manejo das lavouras.
Também foi encontrado o clorpirifós, um inseticida largamente usado para o controle de pragas em lavouras de grãos, cana-de-açúcar, laranja e café. De acordo com pesquisadores, a ação conjunta dos dois agroquímicos pode ter potencializado a toxicidade para as abelhas.
Alguns produtores perderam mais de uma centena de colmeias. O uso dos produtos químicos nas lavouras é liberado pelo Ministério da Agricultura, mas com controle na aplicação.
O departamento municipal de Agricultura e Meio Ambiente, com o apoio do departamento de Biologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, busca alternativas para manter as abelhas longe do veneno usado nas plantações.
Uma delas é desenvolver a apicultura migratória, levando as abelhas para áreas de mata preservada. Também está sendo proposta a criação de um comitê para acompanhar o uso de defensivos nas lavouras.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

OS OUTROS E NÓS MESMOS

O texto abaixo escrito pelo Prof. Mário Sérgio Cortella:

“Visão de alteridade é a capacidade de ver o outro como outro, 
e não como estranho”. 

Continuando a falar em ética, ates de mais nada ela é a capacidade de
proteger a dignidade da vida coletiva. A nossa humanidade é compartilhada,
ser humano é ser junto.

Isso significa que é preciso saber que nossa convivência exige uma noção de
igualdade e se afastar de qualquer forma de arrogância.
Pessoas arrogantes acham que já sabem tudo, que são os únicos e se
relacionam com o outro por conta de alguma coisa.

Se entendermos a alma como nossa integridade esse tipo de comportamento
apequena nossa vida e nossa alma.
A arrogância faz com que as pessoas se tornem incapazes de ter uma visão de
alteridade: que nada mais é que enxergar o outro como outro e não como um
estranho.

Na maioria das vezes a arrogância vem acompanhada pela ganância, que 
resulta em apodrecimento ético. 

 A ganância faz a humanidade regredir. Nós humanos somos tão arrogantes e

gananciosos que nos achamos donos do planeta quando na verdade somos
apenas usuários compartilhantes. Queremos sempre mais e cada vez mais só
para nós.

Mário Sérgio Cortella