domingo, 28 de agosto de 2011

Aves, Antibióticos e Superbactérias

Deu na UOL - Scientific American Brasil.

por Katherine Harmon

O governo americano está na berlinda em razão das revelações de que sabia sobre a Salmonella resistente a antibióticos presente em produtos elaborados a partir de carne de aves e que já matou pelo menos uma pessoa e infectou mais de 100 em todos os Estados Unidos. Embora a Salmonella atinja principalmente a carne de peru, a prevalência de bactérias imunes a medicamentos comuns está em ascensão em fazendas de pecuária, justamente os locais em que a maior parte dos antibióticos é utilizada nos Estados Unidos.

Mas sendo orgânicas, essas granjas podem reduzir a quantidade de bactérias resistentes aos antibióticos em uma única geração por quase cinco vezes, segundo novo estudo publicado esta semana na Environmental Health Perspectives.
“Ficamos surpresos ao ver que as diferenças foram tão significativas entre várias classes diferentes de antibióticos, mesmo na primeira leva que foi produzido após a transição para padrões orgânicos”, afirma Amy Sapkota, da University of Maryland School of Public Health, coautora do novo estudo.

A equipe estudou as bactérias Enterococcus, que são comuns em aves e também frequentemente encontradas em hospitais. Elas podem ficar imunes a tratamentos com antibióticos, o que as torna “um bom modelo para estudar o impacto das mudanças no uso de antibióticos em fazendas”, disse Sapkota.

Em humanos, pode causar infecções do trato urinário, infecção do sangue, inflamação do coração e até mesmo meningite. E quando essas bactérias se tornam resistentes aos antibióticos, as infecções são mais difíceis e às vezes impossíveis de tratar com medicamentos disponíveis.

Os avicultores não podem esperar livrar-se das bactérias por completo, mas ao reduzir a exposição das aves aos antibióticos a diminuição da quantidade de bactérias que criam resistência não apenas é possível, mas também rápida. A primeira geração de aves criadas organicamente em fazendas anteriormente convencionais teve menos incidências da superbactéria. Testes na água e nos alimentos das aves mostraram que em 10 das novas fazendas orgânicas, cerca de 17% das bactérias Enterococcus se mostraram resistentes a várias classes de antibióticos, enquanto em 10 fazendas que continuaram criando as aves por métodos convencionais, com uso de antibiótico profilático, algo em torno de 84% das bactérias havia desenvolvido resistência a múltiplas drogas.

“Essas descobertas mostram que, pelo menos no caso da Enterococcus, começamos a reverter a resistência em fazendas entre o primeiro grupo de animais que são cultivados sem antibióticos”, disse Sapkota, “o que é muito encorajador.”

Veja na UOL - Scientific American Brasil.