sexta-feira, 30 de maio de 2014

"O QUE É A VIDA? MINERAIS ANIMADOS.

"Nós dependemos dos solos. Não podemos ter saúde acima dos solos se abaixo não tivermos saúde.
O solo é a extensão de nossa saúde". Jairo Restrepo Riveira

"A SAÚDE ESTÁ NOS SOLOS"

Com essas afirmações Jairo Restrepo Riveira, Engenheiro Agrônomo, formado na Universidade de Pelotas no Rio Grande do Sul, demonstra em uma palestra feita na Espanha, toda a riqueza da produção orgânica e sua interação com a vida.

Uma aula imperdível.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Produtores de pimentão se esforçam para reduzir os agrotóxicos em SP

Pimentão lidera a lista de produtos contaminados com resíduos da Anvisa.
Produtores usam manejo integrado de pragas para reduzir o uso de veneno.


O que fazer quando o produto da sua roça ganha o campeonato de contaminação por agrotóxico e o preço dele desaba no mercado? Esse é o drama que os produtores de pimentão estão enfrentando há alguns meses, desde que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), divulgou a lista dos alimentos mais contaminados no Brasil.
Agricultores de São Paulo estão buscando alternativas para superar o problema. Eles estão usando técnicas da agricultura orgânica e combatendo as pragas com inimigos naturais.
Está aumentando cada vez mais a responsabilidade de quem usa agrotóxicos na produção de verduras, legumes e frutas. Em alguns estados, promotores e Ministério Público estão exigindo a identificação do nome e do endereço do produtor rural nas gôndolas dos supermercados. A rastreabilidade fica a cargo dos supermercados.
Em Santa Catarina, o consumidor pode saber a origem dos hortifrutigranjeiros colocados à venda com a ajuda do celular. Basta baixar o programa no aparelho e direcioná-lo para o código do produto. Na tela, surgem todos os dados do produtor.
A iniciativa é da Associação Catarinense de Supermercados, que também se encarrega de coletar amostras mensais para análise em laboratório.
A Anvisa também analisa amostras coletadas em supermercados de vários estados. No último levantamento nacional, o pimentão liderou a lista dos produtos mais contaminados com resíduos de veneno. Na época, a informação mexeu com o bolso dos agricultores de dois municípios paulistas, Pirajuí e Lins, que produzem pimentões coloridos.
A principal praga do pimentão é um fungo chamado oídio, que ataca as folhas da planta. Ele se alastra rapidamente com o vento e cobre toda a superfície da folha reduzindo a fotossíntese, dominuindo a produção e podendo até matar a planta. Para controlar a doença, muitos produtores fazem de três a quatro pulverizações de fungicida por semana.
Outro problema são as pragas. Os produtores da região estão aprendendo a usar os recursos do manejo integrado de pragas, para reduzir o uso de veneno. A iniciativa é da Secretaria de Agricultura de São Paulo e do Sebrae, que ministra cursos e contrata técnicos para assessorar os produtores.
Para surpresa de muitos agricultores, o produto biológico recomendado para substituir o agrotóxico no controle do oídio é uma calda muito simples de ser feita. Ela é preparada com melaço de cana, farelo de arroz e água.
Para cada 100 litros de água vão cinco quilos de farelo de arroz e três quilos de melaço de cana.  É preciso misturar bem até dissolver tudo. Depois, é só deixar a calda fermentando por cinco dias oxigenando bem a mistura. A aeração pode ser feita com o uso de bombinhas de aquário ligadas dia e noite. Para aplicar na lavoura, a calda deve ser misturada com água, numa diluição a 5%, ou seja, para 95 litros de água vão cinco litros de calda.
A aplicação deve ser feita duas vezes por semana. A calda tem que atingir toda a superfície da planta, mas para garantir a eficiência do produto é preciso manter a umidade da estufa em 70%. Isso é feito com o uso dos aspersores, ligados de duas a três vezes ao dia, por uns 15 minutos.
A calda também serve para controlar o oídio em várias  hortaliças, como alface, tomate, pepino e abobrinha. Depois de eliminar o agrotóxico no controle do fungo é possível usar os inimigos naturais para atacar outras pragas da cultura, como o ácaro rajado. Para combatê-lo, a arma utilizada é o ácaro vermelho. Ele não causa prejuízos à planta, atua apenas como predador do ácaro rajado.

Os inimigos naturais são produzidos em laboratórios especializados, mas nem todos são resistentes aos agrotóxicos, por isso, no manejo integrado de pragas é fundamental ter um controle dos serviços executados em cada estufa.

Outra praga do pimentão é o fungus gnats. Ele ataca principalmente as raízes das plantas novas, rói o caule e abre a porta para a entrada de várias doenças. Seu principal inimigo natural é um ácaro: o stratiolaelaps.
O stratiolaelaps ataca um inseto que causa muito prejuízo no pimentão: seu nome é tripes. A missão do ácaro é reduzir a população adulta do inseto atacando a fase jovem dele: as pulpas.
A doença provocada pela tripes é chamada popularmente de ‘vira cabeça’ e está entre os principais problemas dessa cultura, mas o controle biológico dispõe de outra arma para atacar a tripes, é uma vespa chamada orius.
Uma praga de solo que ainda desafia os pesquisadores é o nematoide, um verme que vive no solo e que para combatê-lo, os produtores usam biofertilizante feito com água e esterco animal fermentado por, no mínimo, um mês.
Por enquanto, os produtores perceberam que o investimento em insumos diminuiu e a mão-de-obra aumentou, mas o investimento é a produção de alimentos mais saudáveis para todos.

sábado, 10 de maio de 2014

Davi contra o Golias transgênico

Do Estadão



Selo que identifica ingrediente transgênico no produto.
O cientista José Maria Gusman Ferraz fez parte, por três 
anos, da CTNBio, a comissão que libera o uso de transgênicos no País. 
E denuncia a displicência com que as plantas e outros organismos 
geneticamente modificados são aprovados na comissão. 
A mais recente aprovação, que Gusman Ferraz considera absurda, 
é a do mosquito transgênico contra a dengue


Na clínica veterinária da filha de José Maria Gusman Ferraz, em Campinas (SP), não entra ração elaborada com ingredientes transgênicos – sim, já há algumas marcas no País que se propõem a oferecer aos donos de bichos de estimação ração produzida sem grãos geneticamente modificados, principalmente a soja. Não poderia ser diferente, em se tratando do pai que a proprietária da clínica tem. O mestre em Agronomia pela USP e doutor em Ecologia pela Unicamp é um ferrenho crítico em relação à maneira como os organismos geneticamente modificados, os transgênicos, têm sido aprovados no País, no âmbito da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), da qual fez parte por três anos, até fevereiro último. Defensor do “princípio da precaução” – ou seja, que antes da liberação comercial desses organismos sejam feitas pesquisas detalhadas e principalmente de longo prazo para verificar sua segurança, sobretudo alimentar e ambiental –, Gusman Ferraz fez o que pôde para aplicar esse princípio durante os trabalhos da comissão, sem muito sucesso, porém, já que a maioria de seus membros têm a certeza, como ele define, de que transgênicos “não fazem mal”. A CTNBio, criada em 2005, é a responsável pela avaliação e aprovação comercial de todos os transgênicos no País – do milho resistente à lagarta, passando pela soja que não se dobra a herbicidas e pelo feijão que suporta o ataque de um vírus fatal, e, mais recentemente, no dia 10 de abril, do mosquito transgênico que promete reduzir a dengue no País.

Várias dessas aprovações comerciais apresentaram, segundo Gusman Ferraz, relatórios inconsistentes e com metodologia científica falha – muitas delas ocorreram com base apenas no relatório apresentado pela própria empresa produtora do transgênico. Um dos casos mais graves relatados pelo cientista é o da aprovação do feijão da Embrapa – o primeiro transgênico com tecnologia totalmente brasileira e que vai das lavouras diretamente para o prato dos brasileiros, sem escalas. “Os testes apresentados pela Embrapa foram insuficientes para nos deixar tranquilos em relação à efetiva segurança alimentar desse feijão”, alerta. Mesmo já fora da comissão, Gusman Ferraz lutou também para que o mosquito transgênico não fosse aprovado comercialmente – o que ocorreu no dia 10 de abril último –, lançando uma petição no Avaaz contra a aprovação pela CTNBio, sob o argumento de que “os relatórios finais do experimento realizado em campo, visando a verificar a segurança para a população, não estão prontos”, entre outros itens. Veja o link com a petição.


Base para essas críticas ele tem. Gusman Ferraz cursou pós-doutorado em Agroecologia pela Universidade de Córdoba, na Espanha; é pesquisador aposentado da Embrapa Meio Ambiente, pesquisador convidado do Laboratório de Engenharia Ecológica da Unicamp e diretor da Associação Brasileira de Agroecologia, além de professor do curso de mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O cientista alerta que a maior parte dos ex-colegas da CTNBio é, em sua maioria, favorável aos transgênicos. Segundo Gusman Ferraz, dos 27 membros titulares da CTBNio e 27 suplentes, “apenas uns sete ou oito” dão a cara para bater e questionam os relatórios apresentados pelas próprias empresas desenvolvedoras de transgênicos. “Apesar de se tratar de uma comissão de doutos, esses relatórios praticamente não são criticados e não se considera a bibliografia advinda de pesquisas independentes”, denuncia, e complementa: “Isso seria o básico a ser feito por qualquer comissão que trata de assunto tão importante e que pode afetar a saúde de milhões de pessoas e o meio ambiente. Ali dentro simplesmente não se aplica o princípio da precaução.”


Nesta entrevista, Gusman Ferraz relata casos absurdos de aprovação comercial de OGMs, cujos relatórios de pesquisa apresentados pelas empresas não passariam, segundo ele, pelo crivo de nenhuma revista científica. “Alguns desses estudos têm coeficiente de variação de mais de 400% em sua análise estatística”, diz. Mesmo sendo minoria na comissão – que aprovou, em 2012, todos os pedidos de liberação comercial de OGMs –, o engenheiro agrônomo não se deu por vencido. Junto com outros colegas da CTNBio, bateu às portas do Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF), além do Congresso Nacional. O MPF-DF acolheu as denúncias contra a CTNBio e passou a promover audiências públicas para questionar o método atual de análise da comissão. Antes, Gusman Ferraz havia tentado, com seus colegas, promover uma audiência pública dentro da própria CTNBio, que foi negada, porém.


O MPF-DF chegou a recomendar à comissão, em outubro do ano passado, que suspendesse as liberações comerciais de OGMs até que fosse garantida a participação da sociedade civil nas decisões do órgão, além de estudos conclusivos sobre o impacto das aprovações dos transgênicos para o meio ambiente e a saúde humana. O procurador da República no DF Anselmo Henrique Cordeiro Lopes abriu, ainda, inquérito civil para investigar possível ilegalidade na liberação comercial de sementes de soja e de milho geneticamente modificados que apresentam tolerância aos agrotóxicos 2,4-D, glifosato e glufosinato de amônio, entre outros herbicidas. A Justiça Federal negou, porém, no dia 4 de abril, pedido do MPF de suspensão imediata do registro de agrotóxicos que tenham como ingrediente o 2,4-D, além do pedido de Lopes que pedia a suspensão da tramitação, na CTNBio, dos processos sobre sementes transgênicas resistentes a agrotóxicos. O procurador Lopes, porém, já afirmou que vai recorrer da decisão.


Outra iniciativa importante contra o modo de ação da CTNBio foi a denúncia protocolada, em dezembro, pelo deputado Doutor Rosinha (PT-PR) – na Comissão de Ética da Presidência da República e no MPF, o parlamentar acusa oito integrantes da CTNBio de vínculo com o setor privado de biotecnologia, o que incorreria em conflito de interesse na aprovação dos transgênicos pelo colegiado. “Há vários membros da comissão que são ou já foram ligados à indústria de transgênicos e agrotóxicos”, confirma Gusman Ferraz, baseado em uma denúncia na própria imprensa, alertando, ainda, sobre o “compadrio” imperante na CTNBio: “É o caso do mosquito transgênico da dengue, cujos testes em populações humanas foram aprovados, na CTNBio, por pessoas ligadas à mesma universidade que fez os estudos, a USP”, diz. “Estão usando os seres humanos de cobaia, fato que se torna mais grave com a recente aprovação comercial do mosquito transgênico.”


Agora, fora da CTNBio, Gusman Ferraz pretende continuar a contribuir para que ocorram profundas discussões para que as liberações de OGMs sejam precedidas de estudos de longo prazo, obedecendo sempre ao princípio da precaução. “Além disso, que seja feito um monitoramento dos transgênicos no ambiente após sua liberação comercial, o que vai permitir que quaisquer impactos sejam detectados”, diz. E, por meio de sua atuação no Grupo de Estudos em Agrobiodiversidade (GEA), continuará a discutir normas para evitar a contaminação dos plantios não-transgênicos, “principalmente os de sementes crioulas, que nossos agricultores preservam e que de fato vão garantir nossa segurança e soberania alimentar”.


quarta-feira, 7 de maio de 2014

Novo scanner portátil ajuda a revelar 'composição química' de objetos

 Oxalá seja verdade. 

Fabricantes dizem que aparelho, desenvolvido com quase US$ 1 milhão captados por crowdfunding, permite saber, por exemplo, se uma maçã tem agrotóxicos ou se joia não passa de bijuteria barata.

Apetrecho permite que usuário saiba, por exemplo, a quantidade de agrotóxico de verduras, legumes e frutas (Foto: Consumer Physies/BBC)
Apetrecho permite que usuário saiba, por exemplo, 
a quantidade de agrotóxico de verduras, legumes e frutas 
(Foto: Consumer Physics/BBC)

Uma startup israelense criou um dispositivo que revela instantaneamente a composição química de diferentes objetos, de comida a joias, passando por medicamentos e até mesmo plantas.
Na prática, isso permite saber, por exemplo, se uma maçã tem agrotóxicos ou se uma joia não passa de uma bijuteria barata.
Do tamanho de uma caixa de fósforos, o pequeno aparelho foi inventado pela empresa Consumer Physics, sediada em Tel-Aviv, que alega ter desenvolvido o primeiro espectrômetro (instrumento ótico usado para medir as propriedades da luz) molecular barato e de fácil acessibilidade do mundo.
O dispositivo se assemelha a um scanner de mão: o usuário aponta o equipamento em direção a um objeto, pressiona um botão que emite uma luz azul e, alguns segundos depois, obtém as informações sobre suas características moleculares.
Dror Sharon, co-fundador da Consumer Physics, diz acreditar que a invenção, batizada de SCiO, pode se tornar um 'Google' para o mundo físico, ou seja, uma maneira de buscar e descobrir instantaneamente a composição dos objetos ao nosso redor.
O SCiO custa US$ 199 (R$ 450) e foi revelado ao público pela primeira vez na semana passada. O projeto consumiu três anos de pesquisa e levantou mais de US$ 900 mil (R$ 2 milhões) na plataforma de crowdfounding (financiamento coletivo) Kickstarter - quatro vezes mais do que a meta inicial da companhia, de US$ 200 mil (R$ 450 mil) - em apenas 40 dias.

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No CE, programa financeiro incentiva cultivos sem o uso de agrotóxicos

Plantar sem agredir a natureza é fundamental para manter a produtividade. Programa Bolsa Verde concede R$ 300 a produtores selecionados.


Pequenos agricultores do Ceará recebem um incentivo financeiro para cultivar sem o uso de agrotóxicos. É o projeto Bolsa Verde, que funciona em caráter experimental e já apresenta bons resultados.
Plantar sem agredir a natureza. No sertão cearense, onde a chuva é escassa, isso é fundamental para manter as terras produtivas. Em Canindé, um programa do município estimula agricultores a produzirem sem agrotóxicos. O Bolsa Verde concede uma bolsa de R$ 300 a produtores selecionados que se tornam referência.
Os agricultores que já mantinham práticas sustentáveis tiveram prioridade na seleção. Em uma propriedade de sete hectares, Erivaldo Coelho cuida de mais de 15 culturas, tudo produzido sem agrotóxicos.
O milho, que ocupa a maior parte da terra, está perto de ser colhido. Para chegar até aqui, o agricultor enfrentou problemas com pragas, que foram superados com defensivos naturais. "A gente faz um alho batido, uma água de alho com água de folha de nim e ureia, que dão qualidade à planta", explica.
Cícero de Souza Almeida também foi escolhido na primeira fase do programa, que selecionou 20 agricultores. Ele ficou muito satisfeito com a escolha, que considera um reconhecimento.
O Bolsa Verde ainda é um projeto piloto e deve ser estendido nos próximos anos. O benefício é pago todo mês e a previsão é que no próximo ano mais 20 agricultores sejam contemplados.
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